segunda-feira, 8 de junho de 2015

Respondendo às pessoas que perguntaram sobre o motivo de minha saída da Entidade Mahikari


 

Respondendo às pessoas que  perguntaram sobre o motivo de minha saída da Entidade Mahikari (de certa forma, um complemento do primeiro texto publicado)

O que motivou minha saída,  entre outros motivos pessoais, foi o desvio de comportamento de muitos dirigentes, principalmente os mais graduados, no que tange os princípios básicos da espiritualidade pregados nos  ensinamentos  da entidade. A arrogância,  a falta de humildade espiritual, o despreparo intelectual dos membros que se interessam pelo serviço do sacerdócio,  tornando-se dirigentes sem conhecimentos gerais que, pelo simples fato de representarem a entidade como dirigentes, deveriam ser melhor preparados. E assim, representá-la em qualquer ramo da sociedade, sem que cometessem deslizes de falta de conhecimento e domínio no assunto em que se prestam a fazer, como o espiritual, ou religioso. Pois dessa forma, repetem como "papagaio",  - termo que é muito usado na entidade, e que talvez seja por isso mesmo que não se preocupem em formar melhor seus dirigentes -, o pouco que aprenderam. Não possuem conhecimento mínimo sobre as outras religiões principais do mundo, e dessa forma, em muitas oportunidades acabam falando bobagem, na tentativa de mostrar algum conhecimento,  e caem no descrédito.

Dirigentes que pela sua simplicidade,  não possuem domínio do idioma português e de oratória,  e acabam tendo muita dificuldade em transmitir os ensinamentos,  e ninguém se preocupa com isso.  Já ouvi tantas asneiras e tolices que fica difícil até de serem citadas. Creio que muitos já tiveram essas experiências também.

Essa despreocupação com a qualidade de seus dirigentes,  soa um tanto estranho para uma entidade que deseja expandir suas influências para todo o mundo, "cumprindo uma grande missão divina".

A forma como estava e  está sendo conduzida a expansão,  me assustava também, e hoje vejo com outros olhos, pois aquele sentimento com que os membros e dirigentes de então, prestavam aos novos iniciados, concedendo carinho e atenção, foram aos poucos se perdendo. O sentimento de amor ao próximo, e preocupação com a resolução de seus problemas espirituais também ficaram dispersos, e como consequência,  diversos membros deixaram a entidade por não acreditar mais nela e pela decepção de ter acreditado que seriam tratados de forma diferente das outras entidades,  recebendo atenção toda vez que necessitassem, e assim se dispersaram.

Hoje vejo que o motivo é claro, pois não importa mais ajudar a  resolver os problemas dos kumitês, o principal é aumentar o número de participantes,  e aumentar assim os rendimentos,  sem muitas vezes haver a percepção do dirigente local, pois este , movido por sua ambição ao cargo mais elevado, não percebe que para a entidade mundial, seu cargo é irrelevante, pois a arrecadação é o principal.  Por isso se exige cada vez mais dos membros e dirigentes regionais que se "dediquem cada vez mais" , independente dos sacrifícios pessoais. ( essa visão só foi possível hoje, após 27 anos de permanecer na entidade e de saber da verdadeira origem dos fundadores).

Hoje se tornou muito burocrático,  só se pensa em relatório, em números,  em crescer. Aquele discurso inicial de qualidade ante a quantidade, passou a não ser mais importante. A qualidade só ficou no discurso.

Os milagres que surgem, creio que são decorrentes da conversão do sentimento da própria pessoa,  e seu compromisso de mudança com Deus, e o fato de estar deixando de pensar só em si, e dedicando um tempo ao próximo. Isso ocorre em várias entidades religiosas espalhadas pelo mundo afora, inclusive nas diversas entidades que são conhecidamente trambiqueiras e fraudulentas. Então a mahikari não está fazendo nada diferente das outras, exceto trazendo uma forma diferente de conhecer os ensinamentos de várias religiões compilados em uma forma mais fácil de compreender.  Tem seu mérito,  mas não justifica a sua forma de agir.

Incomodava-me também a forma, muitas vezes desrespeitosas e mal educadas, com que certos dirigentes se dirigiam aos membros kumitês, demonstrando total falta de humildade e educação espiritual necessário ao cargo que se encontravam.  Mas, não se tratava de uma pessoa que realizava uma missão dada por Deus?  Isso é sério ...

Nunca admiti kambu com vícios,  mas o tabagismo e o abuso do álcool eram para mim inadmissível. Nunca aceitei isso, embora tinha que conviver com alojamento repleto de sujeira e mal cheiro de cigarro. Era horrível, e me perguntava, como é possível pregar pureza e viver nessas impurezas? Portanto não sentia seriedade nestas formas de condutas que não se faziam importante dentro da entidade. A justificativa era de que o "Grão-Mestre" fumava , e então era só receber okiyome e pronto, estava bem. Mas sabemos que não é assim. Estava aí um dos pontos conflitantes desde o início de meu contato com a entidade, pois para mim era inexplicável um líder religioso,  com uma missão tão importante e grandiosa,   se deixar saber que não se livrava de um vício que mata milhões de pessoas pelo mundo afora. E como servir de exemplo para os outros?

Certa vez, durante a realização de um seminário de grau básico, presenciei uma cena que tinha tudo para ser cômico, se não fosse trágico. No intervalo da transmissão do ensinamento, o Kôshi, ou seja, aquele que transmite o seminário como representante do Oshuenishi-sama, como de costume entre os Kambus que fumam, acendeu  cigarros, e infestou o recinto com o cheiro terrível de fumaça de cigarro. Em seguida, quando este se dirigia para retomar a transmissão dos ensinamentos, uma senhora que fazia parte do staff daqueles que auxiliavam nas tarefas do seminário, saiu espirrando pelo ar, vários disparos do conhecido “bom ar” , a fim de remover o odor de cigarro que se espalhava pelo ambiente fechado do dôjô.  Achei um absurdo!

Enfim, como pode ver, a postura de um servidor de Deus não pode ser  maculada.  Do contrário ela deixa de ser  exemplo , perde a confiança,  e o moral para se dirigir as pessoas,  deixa de ter credibilidade,  e isso leva a desvios que deturpam a realidade da verdadeira missão de um servidor de Deus. Isso abre caminho para várias manipulações de toda ordem.

Portanto,  refletindo sobre tudo isso e outras coisas mais, decidi deixar meu cargo de dirigente e voltar a minha vida de antes, somente como kumitê.    Daí,  as coisas se tornaram mais interessantes,  pois pude observar o comportamento de kambus e kumitês  sobre esse fato,  e me vi surpreso com o resultado.  Foi um estudo interessante,  pois observei melhor o aspecto do comportamento humano.  Que ser complexo!   Só Deus mesmo para entender a aceitar certos fatos.

Mais tarde, tomando conhecimento das verdadeiras origens e histórico do surgimento da entidade e ciente dos fatos  relevantes que se apresentaram, não tive dúvidas em deixar de vez a entidade seguindo de agora em diante meus instintos e intuições do meu ser que é um verdadeiro filho de Deus. Busco a todo instante manter-me em vibrações que possam me levar a entender cada vez mais minha vida aqui nesse mundo material e o papel     que tenho que desenvolver a todo momento. É complexo,  pois o trabalho é árduo para aqueles que querem desempenhar com sinceridade e verdade a missão de servidor de Deus, levando Sua mensagem e desejo aos seus irmãos em vias de desenvolvimento espiritual. Estou longe disso tudo, mas me sinto bem vivendo uma vida que não tenho que mentir para ninguém sobre as minhas limitações humanas.

Desejo o bem para todos,  e espero que um dia  possamos gozar da verdadeira felicidade almejada por aqueles que tenham se empenhado para isso, seguindo os ensinamentos transmitido por vários mestres ao longo da história.

Espero que possa ter sido útil essa explanação.

Um abraço.