Respondendo às
pessoas que perguntaram sobre o motivo
de minha saída da Entidade Mahikari (de certa forma, um complemento do primeiro
texto publicado)
O
que motivou minha saída, entre outros motivos pessoais, foi o desvio de
comportamento de muitos dirigentes, principalmente os mais graduados, no que
tange os princípios básicos da espiritualidade pregados nos
ensinamentos da entidade. A arrogância, a falta de humildade
espiritual, o despreparo intelectual dos membros que se interessam pelo serviço
do sacerdócio, tornando-se dirigentes sem conhecimentos gerais que, pelo
simples fato de representarem a entidade como dirigentes, deveriam ser melhor
preparados. E assim, representá-la em qualquer ramo da sociedade, sem que cometessem
deslizes de falta de conhecimento e domínio no assunto em que se prestam a
fazer, como o espiritual, ou religioso. Pois dessa forma, repetem como
"papagaio", - termo que é muito usado na entidade, e que talvez
seja por isso mesmo que não se preocupem em formar melhor seus dirigentes -, o
pouco que aprenderam. Não possuem conhecimento mínimo sobre as outras religiões
principais do mundo, e dessa forma, em muitas oportunidades acabam falando
bobagem, na tentativa de mostrar algum conhecimento, e caem no
descrédito.
Dirigentes
que pela sua simplicidade, não possuem domínio do idioma português e de
oratória, e acabam tendo muita dificuldade em transmitir os
ensinamentos, e ninguém se preocupa com isso. Já ouvi tantas
asneiras e tolices que fica difícil até de serem citadas. Creio que muitos já
tiveram essas experiências também.
Essa
despreocupação com a qualidade de seus dirigentes, soa um tanto estranho
para uma entidade que deseja expandir suas influências para todo o mundo,
"cumprindo uma grande missão divina".
A
forma como estava e está sendo conduzida a expansão, me assustava
também, e hoje vejo com outros olhos, pois aquele sentimento com que os membros
e dirigentes de então, prestavam aos novos iniciados, concedendo carinho e
atenção, foram aos poucos se perdendo. O sentimento de amor ao próximo, e
preocupação com a resolução de seus problemas espirituais também ficaram
dispersos, e como consequência, diversos membros deixaram a entidade por
não acreditar mais nela e pela decepção de ter acreditado que seriam tratados
de forma diferente das outras entidades, recebendo atenção toda vez que
necessitassem, e assim se dispersaram.
Hoje
vejo que o motivo é claro, pois não importa mais ajudar a resolver os
problemas dos kumitês, o principal é aumentar o número de participantes,
e aumentar assim os rendimentos, sem muitas vezes haver a percepção do
dirigente local, pois este , movido por sua ambição ao cargo mais elevado, não
percebe que para a entidade mundial, seu cargo é irrelevante, pois a
arrecadação é o principal. Por isso se exige cada vez mais dos membros e
dirigentes regionais que se "dediquem cada vez mais" , independente
dos sacrifícios pessoais. ( essa visão só foi possível hoje, após 27 anos de
permanecer na entidade e de saber da verdadeira origem dos fundadores).
Hoje
se tornou muito burocrático, só se pensa em relatório, em números,
em crescer. Aquele discurso inicial de qualidade ante a quantidade, passou a
não ser mais importante. A qualidade só ficou no discurso.
Os
milagres que surgem, creio que são decorrentes da conversão do sentimento da
própria pessoa, e seu compromisso de mudança com Deus, e o fato de estar
deixando de pensar só em si, e dedicando um tempo ao próximo. Isso ocorre em
várias entidades religiosas espalhadas pelo mundo afora, inclusive nas diversas
entidades que são conhecidamente trambiqueiras e fraudulentas. Então a mahikari
não está fazendo nada diferente das outras, exceto trazendo uma forma diferente
de conhecer os ensinamentos de várias religiões compilados em uma forma mais
fácil de compreender. Tem seu mérito, mas não justifica a sua forma
de agir.
Incomodava-me
também a forma, muitas vezes desrespeitosas e mal educadas, com que certos
dirigentes se dirigiam aos membros kumitês, demonstrando total falta de humildade
e educação espiritual necessário ao cargo que se encontravam. Mas, não se
tratava de uma pessoa que realizava uma missão dada por Deus? Isso é sério ...
Nunca
admiti kambu com vícios, mas o tabagismo e o abuso do álcool eram para
mim inadmissível. Nunca aceitei isso, embora tinha que conviver com alojamento
repleto de sujeira e mal cheiro de cigarro. Era horrível, e me perguntava, como
é possível pregar pureza e viver nessas impurezas? Portanto não sentia
seriedade nestas formas de condutas que não se faziam importante dentro da
entidade. A justificativa era de que o "Grão-Mestre" fumava , e então
era só receber okiyome e pronto, estava bem. Mas sabemos que não é assim.
Estava aí um dos pontos conflitantes desde o início de meu contato com a
entidade, pois para mim era inexplicável um líder religioso, com uma
missão tão importante e grandiosa, se deixar saber que não se
livrava de um vício que mata milhões de pessoas pelo mundo afora. E como servir
de exemplo para os outros?
Certa
vez, durante a realização de um seminário de grau básico, presenciei uma cena
que tinha tudo para ser cômico, se não fosse trágico. No intervalo da
transmissão do ensinamento, o Kôshi, ou seja, aquele que transmite o seminário
como representante do Oshuenishi-sama, como de costume entre os Kambus que
fumam, acendeu cigarros, e infestou o
recinto com o cheiro terrível de fumaça de cigarro. Em seguida, quando este se
dirigia para retomar a transmissão dos ensinamentos, uma senhora que fazia
parte do staff daqueles que auxiliavam nas tarefas do seminário, saiu espirrando
pelo ar, vários disparos do conhecido “bom ar” , a fim de remover o odor de
cigarro que se espalhava pelo ambiente fechado do dôjô. Achei um absurdo!
Enfim,
como pode ver, a postura de um servidor de Deus não pode ser
maculada. Do contrário ela deixa de ser exemplo , perde a
confiança, e o moral para se dirigir as pessoas, deixa de ter
credibilidade, e isso leva a desvios que deturpam a realidade da
verdadeira missão de um servidor de Deus. Isso abre caminho para várias
manipulações de toda ordem.
Portanto,
refletindo sobre tudo isso e outras coisas mais, decidi deixar meu cargo de
dirigente e voltar a minha vida de antes, somente como kumitê. Daí, as coisas se tornaram mais
interessantes, pois pude observar o comportamento de kambus e kumitês sobre esse fato, e me vi surpreso com o
resultado. Foi um estudo interessante, pois observei melhor o
aspecto do comportamento humano. Que ser complexo! Só
Deus mesmo para entender a aceitar certos fatos.
Mais
tarde, tomando conhecimento das verdadeiras origens e histórico do surgimento
da entidade e ciente dos fatos relevantes que se apresentaram, não tive
dúvidas em deixar de vez a entidade seguindo de agora em diante meus instintos
e intuições do meu ser que é um verdadeiro filho de Deus. Busco a todo instante
manter-me em vibrações que possam me levar a entender cada vez mais minha vida
aqui nesse mundo material e o papel que
tenho que desenvolver a todo momento. É complexo, pois o trabalho é árduo
para aqueles que querem desempenhar com sinceridade e verdade a missão de
servidor de Deus, levando Sua mensagem e desejo aos seus irmãos em vias de
desenvolvimento espiritual. Estou longe disso tudo, mas me sinto bem vivendo
uma vida que não tenho que mentir para ninguém sobre as minhas limitações humanas.
Desejo
o bem para todos, e espero que um dia possamos gozar da verdadeira
felicidade almejada por aqueles que tenham se empenhado para isso, seguindo os
ensinamentos transmitido por vários mestres ao longo da história.
Espero
que possa ter sido útil essa explanação.
Um
abraço.
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